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Todos os sonhos do mundo...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.



Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),

Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres

Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens. 


TABACARIA (15-1-1928 )
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Comentários

  1. Adoro a imagem! e claro a poesia de Fernando Pessoa com que tomei café há muito pouco tempo...
    Bjs

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  2. Esteja sempre servida de um bom café brasileiro, querida! A poesia é vossa...
    Bjs.

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