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Mostrando postagens de agosto, 2010
hoje me desfiz dos meus bens vendi o sofá cujo tecido desenhei e a mesa de jantar onde fizemos planos o quadro que fica atrás do bar rifei junto com algumas quinquilharias da época em que nos juntamos a tevê e o aparelho de som foram adquiridos pela vizinha testemunha do quanto erramos a cama doei para um asilo sem olhar pra trás e lembrar do que ali inventamos aquele cinzeiro de cobre foi de brinde com os cristais e as plantas que não regamos coube tudo num caminhão de mudança até a dor que não soubemos curar mas que um dia vamos Martha Medeiros
"Se a nossa vida é provisória, que seja linda e louca nossa história, pois o valor das coisas não está no tempo      que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa
A arte de ser feliz Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crinças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refelectidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes um galo canta. Às vezes um